quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

muros pintados
de branco caiados
da ausência de cores
cheiros ou sabores
espaços vazios
braços caídos
apenas silêncios
e sonhos partidos

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Crazy talk

sim, é assim que eu ando.
ouço-me e não me consigo parar
desatino, falo imenso, queixo-me que tudo está mal, fico tocada e profundamente emocionada porque o meu colega me vai buscar uma cadeira para eu me sentar mesmo ali a 2 metros da banda que eu gosto, só porque sugeri sentar-me no chão porque me doem as costas.
(e digo umas 5 vezes obrigada - não me calo, mas pelo menos desta vez foi com um grande sorriso)
saio à francesa porque ouvi uma resposta mais ou menos torta, fruto provavelmente do mau feito de alguns seres, especialmente irritantes e irritados no fim de tantas horas de trabalho em modo non-stop.

sinto-me com um peso absurdo no peito porque reconheço que ando chata e sempre a queixar-me e afinal toda a gente é linda e maravilhosa e eu é que devo ser palerma.

vou a uma festa daquelas que não acontecem habitualmente por cá, com pessoas vindas de toda a parte e mais uma vez, viro costas. fumo um cigaro a meias com um amigo que se diverte pq eu quando fumo (eu não fumo), é a meias. Em jeito de piada, digo que "fumo em part-time". Sorrio e boa noite.

em jeito de piada também, e para alijeirar o meu discurso que ultimamente anda assim, pesado, queixoso e um tanto amargo (ai meu deus que isto às tantas é da idade) digo que me aborreço a mim mesma com isto de me estar sempre a queixar e que "lá estou eu, até me queixo de me estar sempre a queixar". depois, com algum custo, calo-me.
respiro fundo e lembro-me que é temporário.
 felizente, a culpa (de vez em quando dá jeito "culpar", mesmo para quem, como eu, não acredite lá muito neste conceito) é das hormonas. sim, sou daquelas mulheres que sofre (e faz sofrer) com TPM.
sim, por cá, é quase sempre o fim do mundo, pelo menos uma vez por mês.




quinta-feira, 25 de setembro de 2014

há umas semanas, pareceu-me que o mundo se iria partir em dois, separado pelo Atlântico.
aquele amigo, que o sinto como uma extensão de mim, iria deixar Lisboa, já adulta e madura, para descobrir e conquistar Montreal.
chorou ele primeiro, abraçado a mim, chorei eu depois, pendurada na mais bonita varanda da rua, até deixar de ver a sombra dele.

este amigo, que conheço há mais de metade da minha existência,  dedica-se a viver. e conquista a vida. os lugares e as pessoas.
as histórias já são tão ricas e coloridas que o mundo me parece agora não dividido mas como que multiplicado.
pergunto-me frequentemente por que é que eu estou aqui, nesta cidade, ainda que na varanda mais bonita da rua, voltada para onde nasce a lua, sem poder praticar decentemente outras línguas ou sem desafiar a minha mente ou presentear-me com novas experiências.
ele perguntava-me o mesmo. eu encolhia os ombros.
sei lá eu.
podias vir comigo.
podia.
e falas francês.
pois falo, mas francês decente.
e ríamos e imitávamos os sons nasalados canadianos.

fiquei a pensar naquilo. em experimentar a vida noutro país. onde a língua fosse anasalada
onde a língua fosse diferente
onde os beijos tivessem outro sabor...

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

...

contigo a serenidade ganhou forma
e tu ganhaste-me


quem diria, eu e tu numa festa, num beijo que eu te roubei
a ti, um perfeito estranho
acho que nem olhei para ti
mas tu sabes que olhamos para dentro um do outro

mesmo que eu tenha sido apanhada desprevenida
apanhada de surpresa
apanhada neste enredo que não queria
dizes que eu é que te cacei, mas foste tu que me conquistastes

com as conversas intermináveis, a pele quente, o abraço demorado, os lábios sôfregos e os beijos doces
ganhaste-me por muito mais que isto

e agora temo ter-me perdido irremediavelmente




sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

'há muito tempo que não vejo um bom filme de terror
mas hoje, acho que vou ver
The Royal Tenenbaums'

...

gosto
gosto muito
não gosto
não gosto de nada
quero um reset
não quero nada
só se vive uma vez
sobrevive-se
tudo acaba
tudo