terça-feira, 27 de novembro de 2012

Lugares para conhecer pessoas interessantes (I)

Ontem foi dia de aumentar os dadores de medula.
Como já sou há uns anos, fui na tentativa de dar meio litro do meu sangue.

O enfermeiro que me furou o dedo tinha um ar simpático. As mãos tinham os dedos finos e com ar delicado. Não gostei... Um homem quer-se com mãos fortes (pelo menos eu prefiro).
Continuando... é preciso dar mais do que uma oportunidade, por isso desliguei-me das mãos dele enquanto ele pegava nas minhas. Ele lá ia metendo conversa e já começava a fazer planos para depois. Tive de cortar o hipotético futuro logo por ali. Expliquei-lhe que eu não funcionava assim e que só se a hemoglobina permitisse é que daria sangue naquele dia. Até lá não não lhe podia responder sobre as minhas preferências de me furarem o braço esquerdo ou o direito. Ele educadamente reconheceu que se estava a entusiasmar. Segurou no meu dedo, com delicadeza para depois, zách! Espetou um alfinete e espremeu umas gostas de sangue para uma caixinha azul que ligou a um aparelho. 12,7: A resposta era afirmativa, eu daria sangue naquele dia. Ambos sorrimos. Eu para o resultado e depois para ele. Ele para mim e depois para o resultado.
Fui despachada para uma maca articulada com poiso para o braço esquerdo. É desse que me tiram sangue habitualmente. Eu não tenho preferências nesse departamento. Resposta dada. O enfermeiro desistiu logo de mim. E eu dele.
Enquanto lá estava, deitada, com uma agulha grossa espetada na veia, a sentir a minha seiva a ser sugada, fiquei a fazer uma data de filmes na cabeça (como sempre). E a amiga L a aturar os devaneios...
Mas é de um pensamento em especial, e não dos filmes, que queria falar.

Pessoas com uma saúde mais débil, ou com determinados comportamentos de vida, não podem ser dadores. Logo, um posto de dádiva de sangue pode ser um lugar interessante onde encontrar pessoas interessantes. Ora bem, interessantes não sei, mas saudáveis, generosas e com sentido cívico, devem ser.
Mas...Raios! há sempre um "mas"... Agora só volto a dar sangue daqui a uns meses, logo, este lugar está descartado. Não tenho paciência para esperar... principalmente por coisas incertas.
E de que é que eu falaria enquanto estivéssemos deitados, lado a lado, com agulhas espetadas nos braços? O mais provável era dizer uma palermice qualquer, completamente descabida ou despropositada, que é o que acho que acaba sempre por acontecer... 
Pior! Falaria da minha coragem em olhar para a agulha a perfurar o músculo e a veia e na sensação do sangue a ser sugado. Afugentava logo o homem que certamente preferiria meninas delicadas, com ar frágil e tímidas...
E isto levava-me para outro assunto... mas por agora fico-me por aqui.



sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Prólogos

Paciência
é coisa que raramente tenho

Não posso dizer que já estou naquela idade em que não arrisco comprar bananas verdes porque posso não sobreviver ao seu amadurecimento. Claro que não, longe disso. Mas estou naquela idade em que não tenho grande paciência para esperar pelo desfecho demorado do prólogo.
O prólogo quer-se esclarecedor, rápido e eficaz. Assim sabemos se nos aventuramos no 1º capítulo ou se fechamos o livro que volta à prateleira.
Poderá ser também no decorrer do prólogo que nos apercebemos que afinal aquele não é um romance, mas antes um livro de aventuras, ou uma possível história de terror onde não nos queremos meter.

Nestas coisas, os nova iorquinos vivem a uma velocidade alucinante. Não tenho é a certeza se o prólogo deles é suficientemente esclarecedor.


leva-me

Há dias em que o que eu queria mesmo era que me viesses buscar e me levasses para qualquer lugar.
Que tu me levasses...

Hoje é um desses dias
Eu tenho tudo!
Só não tenho comparação....

^.-

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Cenas meladas (I)

Estava para aqui a pensar  com os meus botões e deparei-me com o seguinte:
Regra geral, quanto conhecemos alguém que nos desperta aquele tipo de interesse, há uma vontade de sermos melhores. Deve portanto ser essa a magia de nos apaixonarmos, transformarmo-nos em seres humanos melhores. (Seja lá o que for que cada um entenda por ser melhor)

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Hoje

Hoje é o dia em que se convoca greve geral, cá e ali ao lado, com os espanhóis.
Sempre me envolvi nas reivindicações em que acreditava e cheguei até a organizar algumas.
Hoje, a escala é maior e o sentido também. As consequências também o poderão ser.
Hoje, sinto-me um tanto perdida.
Ir ou não ir, eis a questão...
Acredito que muitas coisas devem e têm de mudar, nem que seja pela força das circunstâncias, ou seja, pela mão invisível de Adam Smith...
E uma greve geral desta dimensão poderá chamar a atenção ou assustar quem se pretende. Mas será isso a fazer diferença? Será esse o caminho?
Ao almoço uma amiga dizia que a nossa geração não terá capacidades de fazer grandes voos. Isso é absolutamente assustador, aterrador... e não, não acredito. Isso só é verdade para quem não voa e ponto. Os grandes voos poderão até ser mais altos agora. Só porque a força do impulso é também muito superior.
Hoje ao almoço, fomos abordadas por 3 pessoas. De manhã já tinha sido abordada por outras. Pessoas que pedem. Para comer ou para o raio que bem entenderem. Nas últimas semanas tenho visto rostos novos, destes que estendem a mão com o olhar. Sempre no percurso casa-trabalho-casa, que não tem talvez nem um quilómetro. O do senhor com os seus 70 e tal anos, cabelos brancos e olhos claros, com um belo sorriso a tocar harmónica, é o que me toca a mim e parte o coração. Olho-o nos olhos por um fragmento de segundo e é o suficiente para ter um nó na garganta e um mar nos olhos que não deixo que avance.

Escrever ajuda a clarear ideias, mesmo que o texto seja um emaranhado pouco claro delas.
Escrevo como o meu pensamento flui... sei que salto de um lado para o outro.Sei que pode ser realmente estranho...

Vou arrumar as minhas coisas e vou para a rua. Aqui já não precisam de mim.