quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Hoje

Hoje é o dia em que se convoca greve geral, cá e ali ao lado, com os espanhóis.
Sempre me envolvi nas reivindicações em que acreditava e cheguei até a organizar algumas.
Hoje, a escala é maior e o sentido também. As consequências também o poderão ser.
Hoje, sinto-me um tanto perdida.
Ir ou não ir, eis a questão...
Acredito que muitas coisas devem e têm de mudar, nem que seja pela força das circunstâncias, ou seja, pela mão invisível de Adam Smith...
E uma greve geral desta dimensão poderá chamar a atenção ou assustar quem se pretende. Mas será isso a fazer diferença? Será esse o caminho?
Ao almoço uma amiga dizia que a nossa geração não terá capacidades de fazer grandes voos. Isso é absolutamente assustador, aterrador... e não, não acredito. Isso só é verdade para quem não voa e ponto. Os grandes voos poderão até ser mais altos agora. Só porque a força do impulso é também muito superior.
Hoje ao almoço, fomos abordadas por 3 pessoas. De manhã já tinha sido abordada por outras. Pessoas que pedem. Para comer ou para o raio que bem entenderem. Nas últimas semanas tenho visto rostos novos, destes que estendem a mão com o olhar. Sempre no percurso casa-trabalho-casa, que não tem talvez nem um quilómetro. O do senhor com os seus 70 e tal anos, cabelos brancos e olhos claros, com um belo sorriso a tocar harmónica, é o que me toca a mim e parte o coração. Olho-o nos olhos por um fragmento de segundo e é o suficiente para ter um nó na garganta e um mar nos olhos que não deixo que avance.

Escrever ajuda a clarear ideias, mesmo que o texto seja um emaranhado pouco claro delas.
Escrevo como o meu pensamento flui... sei que salto de um lado para o outro.Sei que pode ser realmente estranho...

Vou arrumar as minhas coisas e vou para a rua. Aqui já não precisam de mim.


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