terça-feira, 23 de abril de 2013

ouve!

A guitarra a "esgalhar" no início, como as ramificações sanguíneas a estalarem nos olhos,
assim que cruzamos olhares,
como os pequenos choques eléctricos  à superfície da pele,
agora húmida e arrepiada
O (contra)baixo marca o ritmo, sempre...
como o fluxo sanguíneo bombeado para cada extremidade dos nossos corpos
A voz grave e suave, como um passeio no parque ao doce fim da tarde
É a química da música, breve como uma capicua,
que segue ao sabor da memória
É a percussão de uma dança descontrolada
Os teus lamentos, que não lamento,
já não sei se os ouço dos teus lábios ou se vêm do meu peito,
são como um gemido que intensifica a minha atenção,
como um predador a observar a sua presa
Mergulhas no meu pescoço e o som fica abafado
É a vida que se esgota pelas pontas dos dedos
com um saxofone a sapatear e a precipitar o fim
















sexta-feira, 19 de abril de 2013

há imagens que valem mais do que 1000 palavras e há músicas que ...

if you're going to break my heart 
then please just do it fast 
if you're going to crush my hopes 
then hurry while they still last 

i know you wish you could just run 
but, honey, so does everyone 

i've given up hope 
i've given up on us 
i've given up hope on you 

if it's going to be like that 
then please just act your age 
if you're going to be like that 
at least you do it offstage 

i know you wish you could just run 
the world won't stop for anyone 

i've given up hope 
i've given up on us 
i've given up hope on you 

i know you wish you could just run 
the world won't stop for anyone





domingo, 14 de abril de 2013

Viagem interrompida

acordei com a amiga a telefonar às 14h00
queria saber se estava bem e insistir para ir com ela para Viana
"estou bem, muito bem. estava a dormir, mas estou bem.
não, não
não vou para Viana, tenho um aniversário de uma grande amiga
fica descansada que está mesmo tudo bem"
e assim a sosseguei e assim me espreguicei e levantei da cama onde mal conseguia ter pregado olho depois da minha decisão de madrugada de interromper aquela coisa que me estava já a atormentar mais do que a fazer bem
a tarde estava soalheira, tal como ela tinha dito ao telefone
telefonei à aniversariante e fomos estrear o dia de sol numa bela esplanada com direito a um saboroso café
passeamos pela rua e deixamos que os nossos corpos se repousassem no mais belo jardim da cidade, ali, lado a lado, a falar do que me tirara o sono.
o sol aqueceu-me e reconfortou-e a alma
fiz a foto-síntese que me faltava para ficar mais forte
o jantar foi excelente, a bela quinta  dos arredores, com amigos queridos e alguns rebentos, miniaturas deles mesmos
a música e o bailarico no carro de regresso à cidade começavam a deixar-me ainda mais bem dispsta e preparada para os insólitos acontecimentos
e depois, aconteceu o que eu já previa, qual Cassandra
o ponto final que afinal seria apenas um parágrafo.
era no entanto o prenúncio de um fatalismo que demoraria apenas mais uns meses.
todas as estações passariam, e no espaço de uma gestação, tudo aconteceu ao contrário, como acontecem os amores.
a viagem interrompeu-se, e eu nunca revelei o motivo



segunda-feira, 8 de abril de 2013

nós

ai se esta timidez ou este quase medo me impedirem de te abraçar, tentarei matá-los.

estar deitada ao teu lado, com o inverno lá fora e a nossa pele quente lado a lado. partes dos nossos corpos que se tocam, que arfam em uníssono, esta sensação de quase satisfação, de um conforto tão natural que o estranhas, de um sono que sorri e nos abraça...
ai que o meu peito salta e lá dentro tenho um metrônomo que marca o ritmo da minha ansiedade
como se o tempo se esgotasse se não assumir para mim e para ti o que sinto afinal. a tua resposta, quase já não importa. acredito. sinto-me pressionada a dizer-te o que eu sinto, o que eu quero de ti, de nós.
não te conhecer é mentira. conheço-te
e tudo o mais para conhecer são pormenores que quero descobrir ao longo da viagem.
sim, quero viajar contigo.
estaremos já preparados para trocarmos de números?