quinta-feira, 25 de setembro de 2014

há umas semanas, pareceu-me que o mundo se iria partir em dois, separado pelo Atlântico.
aquele amigo, que o sinto como uma extensão de mim, iria deixar Lisboa, já adulta e madura, para descobrir e conquistar Montreal.
chorou ele primeiro, abraçado a mim, chorei eu depois, pendurada na mais bonita varanda da rua, até deixar de ver a sombra dele.

este amigo, que conheço há mais de metade da minha existência,  dedica-se a viver. e conquista a vida. os lugares e as pessoas.
as histórias já são tão ricas e coloridas que o mundo me parece agora não dividido mas como que multiplicado.
pergunto-me frequentemente por que é que eu estou aqui, nesta cidade, ainda que na varanda mais bonita da rua, voltada para onde nasce a lua, sem poder praticar decentemente outras línguas ou sem desafiar a minha mente ou presentear-me com novas experiências.
ele perguntava-me o mesmo. eu encolhia os ombros.
sei lá eu.
podias vir comigo.
podia.
e falas francês.
pois falo, mas francês decente.
e ríamos e imitávamos os sons nasalados canadianos.

fiquei a pensar naquilo. em experimentar a vida noutro país. onde a língua fosse anasalada
onde a língua fosse diferente
onde os beijos tivessem outro sabor...

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