sexta-feira, 5 de julho de 2013

vem

entro no parque, olho em volta como quem olha em frente. vejo o twist, e dirijo-me para lá decida e quase sem pestanejar.
ponho-me na fila que é pequena e apenas tenho tempo para ter consciência que já lá estou.
dou um passo em frente e outro e ainda outro. ouço pessoas a rirem e a darem gargalhadas. desocuparam as cadeiras e dão os seus lugares aos próximos.
sento-me na cadeira que está mais de lado. é rosa, verde e amarela. tem umas flores pintadas com umas notas de vermelho e azul. é bonita.
sento-me o mais confortavelmente que consigo e encosto-me para trás. apoio a cabeça como quem a deixa cair. vejo o céu ao fim da tarde. ouço os passos apressados na chapa metálica do chão dos que não querem perder a viagem.
vem uma espécie de revisor verificar se a cadeira está bem trancada e sorri-me. retribuo o sorriso levemente e volto a olhar o céu. ouço uma e outra vez a sirene e o twist começa a andar, devagar, bem devagar. a velocidade vai aumentando e o vento sopra-me no rosto. o céu gira e as estrelas formam círculos prateados num céu cor-rosa. vou ficar aqui neste carrossel até que me venhas buscar.
não quero mais nenhum divertimento, quero este que me faz andar à roda, me faz sentir que posso levantar voo ainda que me prenda. quero este em que ouço os risos e os gritos de entusiasmo e os de medo.
vou ficar até a minha cabeça ficar atordoada, vou ficar até me vires acordar e me levares ao colo.

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