sexta-feira, 17 de agosto de 2012

tirar a mala de viagem do armário do escritório
abri-la em cima da cama, sentir ainda o cheiro da última viagem
[não reconheço
não foi comigo, mas sei que foi até Madrid]
procurar nos bolsos por algum artefacto que avive memórias
como sempre, não há nada
a limpeza foi feita no regresso da última viagem

foi tão engraçado quando encontrei uns dirhams num dos bolsos da mochila
não descobri como lá foram parar...
já vai há uns 10 anos...e ainda lá estão na caixinha dos trocos estrangeiros
nunca os reutilizei... (rituais estranhos estes)

a cama fica como que uma manta de retalhos
dividida por cores, categorias, utilizações
e sou prática, muito prática
levo tudo o que preciso e tenho quase sempre a mala mais pequena
gosto de pensar em tudo
a minha mente funciona em visão aérea
todos os detalhes estão lá
os que não estão são as surpresas que transformam alguns momentos em recordações mais, ou menos, engraçadas
e não me importo nada

primeiro apercebi-me que era prática e pensava em (quase) tudo
depois apercebi-me que quando algo escapa, não há qualquer problema e vivo tão  bem com isso
em viagem está sempre tudo bem
se não há música eu canto, nem que seja apenas na minha cabeça
se não há livros, escrevo ou desenho
e se não há papel ou lápis, entretenho-me sempre com outras coisas
há em especial a parte que mais preenche
a observação
quando estou a "não fazer nada" a minha mente estará possivelmente a fervilhar
há tanta coisa a olhar!
cores, cheiros, sons, movimentos, comportamentos, e tudo isso dá lugar a mais e mais pensamentos e raciocínios e ideias e tanta coisa...
é preciso ter calma para me reter mais aqui e ali
e controlo para não tropeçar

está quase



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